Quando o medo do escuro exige atenção especial

Algumas crianças se recusam a dormir sozinhas, choram ao apagar das luzes ou demonstram insegurança mesmo em casa quando os ambientes estão escuros. Essas reações nem sempre indicam um transtorno; o medo do escuro é uma etapa natural do desenvolvimento infantil e costuma desaparecer com o tempo. No entanto, em alguns casos, o que parece ser apenas um desconforto noturno pode evoluir para uma fobia específica, com impacto real na qualidade de vida da criança.

 

O medo do escuro, mais comum entre os três e sete anos de idade, está ligado ao desenvolvimento da imaginação. Sons noturnos e sombras podem ser interpretados como ameaças, o que gera insegurança. A tendência é que esse medo diminua conforme a criança se sente mais segura e desenvolve a capacidade de distinguir o que é real do que é imaginário.

 

Já a fobia do escuro, chamada nictofobia, ultrapassa os limites do medo passageiro. Nesses casos, a criança apresenta reações físicas e emocionais intensas diante da escuridão: palpitações, tremores, suor excessivo e crises de choro podem surgir apenas com a possibilidade de estar em um ambiente escuro. Muitas vezes, esse medo vem acompanhado de outros sintomas de ansiedade e pode interferir no sono, na socialização e até na rotina familiar.

 

“É importante que pais e educadores saibam diferenciar um medo esperado de uma fobia incapacitante, pois a abordagem será diferente em cada caso”, orienta Letícia Dorighello, diretora pedagógica do Colégio Prígule, de São Paulo.

 

Quando a nictofobia se instala, a criança tende a evitar a escuridão a qualquer custo. O quarto precisa ficar iluminado, a porta deve permanecer aberta e é comum que ela só consiga adormecer se estiver acompanhada. Mais do que simples exigências, essas atitudes sinalizam um sofrimento real e merecem atenção.

 

A melhor forma de ajudar é acolher o medo da criança sem julgamentos, criando um ambiente seguro e sem imposições. Forçar a criança a permanecer no escuro, por exemplo, pode agravar o quadro. Em vez disso, os adultos podem propor estratégias graduais, como o uso de uma luz de presença ou a leitura de um livro com pouca iluminação. Também é útil conversar com a criança sobre o que a incomoda, sempre reforçando que ela está segura.

 

Caso o medo persista por muitos meses e afete o cotidiano, a orientação de um psicólogo pode ser essencial. A terapia cognitivo-comportamental costuma ser eficaz para tratar esse tipo de fobia, ajudando a criança a reinterpretar os estímulos e enfrentar a escuridão de forma mais tranquila.

 

Com paciência, empatia e apoio adequado, é possível transformar a hora de dormir em um momento de tranquilidade, diminuindo o medo e fortalecendo a autoconfiança das crianças.

 

Para saber mais sobre fobia, visite https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2021/08/o-que-e-nictofobia-5-pontos-para-entender-o-medo-do-escuro.html e https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2013/09/seu-filho-tem-medo-do-escuro.html

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