Pedir ajuda para lavar frutas, misturar a massa do bolo ou decorar um prato colorido são formas práticas de envolver as crianças em momentos que vão além da culinária. Participar do preparo de receitas simples e saudáveis promove aprendizado, fortalece vínculos e contribui para uma relação mais consciente com a alimentação.
A cozinha, muitas vezes vista apenas como um espaço funcional, pode se transformar em um ambiente lúdico, interativo e cheio de descobertas. Quando convidadas a participar do preparo dos alimentos, as crianças desenvolvem não só habilidades práticas, mas também emocionais e cognitivas. Medir ingredientes envolve conceitos de matemática; montar o próprio prato estimula criatividade; lidar com pequenas frustrações — como um biscoito que quebra — ensina paciência e resiliência.
Letícia Dorighello, diretora pedagógica do Colégio Prígule, de São Paulo, destaca a importância de permitir que os pequenos assumam responsabilidades compatíveis com sua idade: “Quando a criança se sente útil e valorizada durante o preparo das receitas, ela fortalece sua autoestima e adquire mais interesse por hábitos alimentares saudáveis”.
A participação ativa na cozinha também contribui para a formação de preferências mais equilibradas. Crianças que têm contato frequente com frutas, verduras e outros ingredientes frescos tendem a se interessar mais por esses alimentos do que aquelas expostas apenas a opções industrializadas e ultraprocessadas. Ao compreender a origem dos pratos e ver como são feitos, elas passam a se conectar com o que consomem.
O ideal é começar com tarefas simples, como separar os ingredientes, lavar hortaliças, mexer uma massa ou montar um sanduíche. Essas ações não exigem habilidades complexas, mas proporcionam uma sensação real de contribuição. À medida que crescem, as crianças podem assumir atividades mais elaboradas, como quebrar ovos, cortar alimentos com utensílios apropriados ou acompanhar o passo a passo de uma receita.
Receitas como panquecas, bolinhos de banana com aveia, pizzas caseiras e espetinhos de frutas são ótimas para esse tipo de vivência. Elas permitem combinações variadas, são nutritivas e agradam ao paladar infantil. Além disso, pratos assim são versáteis e podem ser adaptados conforme a idade, as preferências e as restrições alimentares da criança.
Outro fator importante é o uso da cozinha como espaço de expressão criativa. Permitir que os pequenos inventem nomes para as receitas, escolham moldes de biscoitos ou definam a ordem de montagem dos pratos transforma o momento culinário em uma experiência afetiva e divertida. Mesmo que o resultado final não seja perfeito, o processo é o que realmente importa.
Nos finais de semana ou em feriados prolongados, esse tipo de atividade se torna ainda mais propício. Com mais tempo disponível, as famílias podem organizar um “dia do chef mirim”, onde cada membro contribui com uma etapa do preparo. Para manter o ambiente seguro, é fundamental que os adultos ofereçam supervisão constante, principalmente em tarefas que envolvem calor, facas ou aparelhos elétricos.
Explicar às crianças os cuidados necessários com o fogão, o forno e os objetos cortantes ajuda a desenvolver noções de segurança e responsabilidade. Os menores podem ficar encarregados de misturar massas, decorar pratos ou organizar os ingredientes na bancada, sempre em locais acessíveis e com materiais apropriados.
A higiene também deve ser ensinada
Lavar as mãos antes de manipular alimentos, manter a pia organizada e limpar o que foi usado são hábitos que se tornam naturais quando inseridos desde cedo na rotina. Além de garantirem mais segurança alimentar, esses cuidados contribuem para a autonomia e para o senso de ordem das crianças.
Outro ponto positivo de incluir os pequenos nas receitas é a ampliação do repertório alimentar. Muitas vezes, a recusa de certos alimentos vem do desconhecimento ou de experiências anteriores negativas. Quando a criança participa da preparação, ela se sente parte do processo e tende a experimentar pratos que, de outra forma, rejeitaria. Isso é especialmente válido para frutas, legumes e grãos.
Para incentivar ainda mais, os adultos podem propor desafios divertidos, como preparar uma “salada arco-íris”, montar uma “pizza colorida” com vegetais variados ou criar um lanche inspirado em um personagem favorito. Essas iniciativas ajudam a tornar os alimentos mais atrativos e a quebrar a ideia de que comer bem é algo sem graça.
Experiências e memórias afetivas
Muitos adultos se lembram com carinho de momentos em que ajudaram os pais ou avós na cozinha. O cheiro do bolo assando, a textura da massa sendo sovada ou o barulho do liquidificador são estímulos sensoriais que ficam guardados na lembrança. Reproduzir essas experiências com os filhos é uma forma de perpetuar laços e criar novas histórias familiares.
A introdução à culinária também favorece o desenvolvimento de habilidades executivas importantes, como planejamento, organização e tomada de decisões. Seguir uma receita exige sequência lógica, foco e flexibilidade — habilidades que serão úteis na escola e em diversas situações da vida. Além disso, ao perceber que podem errar e tentar de novo, as crianças aprendem sobre persistência e resiliência.
Mesmo quando o tempo é curto, é possível envolver os filhos em pequenas tarefas do cotidiano alimentar. Convidar a criança para ajudar a montar a lancheira, escolher os ingredientes do jantar ou arrumar a mesa já são formas válidas de inclusão. Com o tempo, essa participação vira hábito — e o hábito vira autonomia.
O diálogo também é uma parte importante da experiência. Durante o preparo dos alimentos, é possível conversar sobre a origem dos ingredientes, os benefícios de uma alimentação equilibrada e até questões culturais e históricas relacionadas à comida. A cozinha vira, então, um espaço de aprendizagem integrada, onde se fala de saúde, geografia, ciência e afeto.
Além do mais, incluir a criança nesse processo pode ajudar a reduzir conflitos na hora das refeições. Muitos pais enfrentam dificuldades para convencer os filhos a experimentar novos alimentos ou a manter hábitos saudáveis. Ao transformar o preparo da comida em um momento prazeroso, esse desafio tende a diminuir. A criança sente que tem voz, participa das decisões e se sente valorizada.
A alimentação é uma parte essencial do desenvolvimento infantil. Mais do que oferecer nutrientes, é uma forma de cuidado, convivência e transmissão de valores. Ao ensinar receitas, os adultos ensinam também sobre responsabilidade, paciência, respeito ao tempo e gratidão pelo alimento. Cada refeição preparada com as mãos e o coração carrega um pouco disso.
Ao final do dia, o mais importante não é o prato perfeito, mas o caminho até ele. A bagunça na cozinha, as mãos sujas de farinha, a colher lambida no final — tudo isso faz parte de uma infância vivida com presença e significado. E quando a alimentação é construída em conjunto, ela deixa de ser uma obrigação e se torna um prazer compartilhado.
Para saber mais sobre receitas, visite https://studiopipoca.com/blogs/novidades/cozinhando-com-as-criancas-beneficios-e-receitas-simples?srsltid=AfmBOorpU8XGDS49nfQMQXT6suBK6sw6BPSK3a1spkgfPH_wzWvyzElP e https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/degusta/para-criancas/10-receitas-para-criancas-fazerem-em-casa-nas-ferias,2363de6cc42fdd8cfa4d018e98aa78e2vyanmx1h.html#google_vignette

