Nem sempre as vontades infantis são atendidas de imediato, e é justamente nessas situações que a frustração surge. Não conseguir brincar com o que queria, perder um jogo ou precisar esperar são vivências comuns na infância — e fundamentais para o amadurecimento emocional. O contato com a frustração ajuda a criança a desenvolver paciência, autocontrole e maior preparo para lidar com situações desafiadoras.
Ao longo da infância, esse tipo de experiência funciona como um treino emocional para a vida adulta. Enfrentar decepções, ainda que pequenas, ensina que o esforço e a espera fazem parte de muitas conquistas. Além disso, esse processo contribui para o desenvolvimento de competências como empatia, resiliência e capacidade de resolver conflitos com mais equilíbrio.
“Quando a criança entende que errar, perder ou esperar não são sinais de fracasso, mas etapas do crescimento, ela se fortalece emocionalmente”, explica Letícia Dorighello, diretora pedagógica do Colégio Prígule, de São Paulo.
Criar um ambiente acolhedor é o primeiro passo para transformar essas situações em aprendizado. Validar o sentimento da criança, demonstrar empatia e permitir que ela expresse sua frustração com segurança são atitudes que geram confiança e proximidade. Ouvir com atenção e orientar com delicadeza são estratégias eficazes para ajudar a criança a identificar o que sente e encontrar formas de reagir.
Outro aspecto importante é propor desafios na medida certa. Atividades que envolvem regras, competição saudável ou colaboração entre colegas favorecem o surgimento de pequenas frustrações — e também oportunidades de superação. Jogos de tabuleiro, esportes ou tarefas em grupo são exemplos simples e eficazes para treinar a tolerância à frustração de forma natural e segura.
Estratégias como respirar fundo, contar até dez ou se afastar por alguns minutos da situação também podem ser ensinadas desde cedo. Essas práticas ajudam a criança a encontrar calma antes de reagir, contribuindo para o desenvolvimento do autocontrole e da inteligência emocional.
“É essencial que os pais não tentem evitar todas as frustrações, mas sim acompanhar o processo com paciência e apoio”, orienta Letícia.
Mesmo situações rotineiras, como ter que esperar a vez ou lidar com a impossibilidade de realizar um desejo, contribuem para a formação da autonomia. Ao perceber que pode superar sentimentos difíceis e seguir em frente, a criança fortalece a autoconfiança e aprende que o esforço vale a pena.
Permitir que a criança enfrente a frustração — sem pressa, com empatia e firmeza — é uma das formas mais eficazes de prepará-la para o mundo. Afinal, crescer também é aprender a lidar com o que não sai como esperado.
Para saber mais sobre Frustração, visite https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/frustracao.htm e https://paulinhapsicoinfantil.com.br/blog/trabalhar-frustracao-infantil/