Um bebê que começa a esconder o rosto e rir do próprio gesto está dando os primeiros sinais de que compreende algo fundamental: o mundo existe mesmo quando não está à vista. Essa descoberta, conhecida como “permanência do objeto”, marca o início do desenvolvimento cognitivo segundo Jean Piaget, um dos maiores estudiosos da infância. Sua teoria mostra que as crianças constroem o pensamento em etapas bem definidas, cada uma com características próprias.
No estágio sensório-motor, que vai do nascimento aos dois anos, o contato com o mundo ocorre principalmente por meio dos sentidos e movimentos. Já o estágio pré-operacional, entre 2 e 7 anos, é marcado pelo pensamento simbólico e pela linguagem. A criança começa a brincar de faz de conta e a usar objetos para representar outros, mas ainda tem dificuldade de entender o ponto de vista dos outros.
A partir dos 7 anos, entra em cena o estágio das operações concretas. Aqui, a criança já consegue resolver problemas lógicos simples, desde que baseados em situações concretas. Entende, por exemplo, que um copo alto e um copo largo podem conter o mesmo volume de água. Por fim, dos 11 anos em diante, no estágio das operações formais, desenvolve-se a capacidade de pensar de forma abstrata, lidar com hipóteses e fazer raciocínios mais complexos.
Essa estrutura em quatro etapas ajuda pais e educadores a compreenderem melhor os limites e as possibilidades do pensamento infantil em cada fase. “Conhecer os estágios do desenvolvimento cognitivo permite respeitar o ritmo de cada criança e ajustar as estratégias de ensino de forma mais eficaz”, afirma Letícia Dorighello, diretora pedagógica do Colégio Prígule, de São Paulo.
A teoria de Piaget também apresenta os conceitos de assimilação e acomodação. A assimilação acontece quando a criança interpreta novas experiências com base no que já conhece. Já a acomodação ocorre quando é necessário mudar o modo de pensar para compreender uma nova informação. Juntas, essas duas formas de adaptação explicam como o conhecimento vai se construindo de maneira contínua.
Ao defender a aprendizagem como um processo ativo, Piaget influenciou profundamente a educação moderna. Em vez de apenas receber informações prontas, a criança deve ser incentivada a explorar, levantar hipóteses, experimentar e refletir. O papel do adulto, nesse processo, é criar situações que estimulem a curiosidade e o pensamento lógico.
Compreender as fases do desenvolvimento propostas por Piaget permite valorizar o tempo certo de cada descoberta. Saber esperar que a criança esteja pronta para certos conteúdos evita frustrações desnecessárias e favorece o aprendizado com sentido. Afinal, como o próprio Piaget disse, “a principal meta da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas”.
Para saber mais sobre Piaget, visite https://www.todamateria.com.br/jean-piaget/ e https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio