Braços cruzados, olhar distante, movimentos repetitivos com as mãos. Esses sinais, muitas vezes ignorados, dizem muito sobre o estado emocional de uma criança ou adolescente. A linguagem corporal é uma via de comunicação tão rica quanto a verbal e, em muitos casos, é por meio dela que os sentimentos mais profundos se expressam. Aprender a reconhecê-la é essencial para fortalecer vínculos, identificar necessidades e prevenir conflitos dentro e fora da escola.
Durante a infância, o corpo fala quando faltam palavras. Crianças pequenas nem sempre conseguem nomear o que sentem, mas suas expressões faciais, a maneira como se aproximam ou se afastam dos outros e até a forma como seguram um brinquedo podem revelar cansaço, alegria, desconforto ou insegurança. A leitura correta desses sinais permite uma atuação mais empática por parte dos adultos.
Com os adolescentes, o desafio é outro. Embora já dominem a linguagem verbal, muitas vezes não querem ou não conseguem expressar abertamente o que sentem. Situações de estresse, insegurança, conflitos sociais e emocionais podem se manifestar por meio de posturas fechadas, olhares evitados ou agitação excessiva. Pais e professores atentos conseguem perceber essas manifestações e agir de forma acolhedora e assertiva.
“Quando adultos observam com atenção e sensibilidade os sinais do corpo, conseguem construir relações mais sólidas com as crianças e os adolescentes”, ressalta Letícia Dorighello, diretora pedagógica do Colégio Prígule, de São Paulo. Para ela, a linguagem corporal é uma ponte que aproxima gerações e fortalece a confiança mútua.
Além de fortalecer os laços familiares, essa percepção ajuda no desempenho escolar. Um aluno que evita contato visual com o professor pode estar com dúvidas ou com medo de errar. Já aquele que se inclina para frente durante uma explicação demonstra interesse e vontade de aprender. Ao identificar esses comportamentos, o educador tem a chance de ajustar sua postura e seu discurso, garantindo uma comunicação mais eficaz.
O ambiente escolar, aliás, é um espaço fértil para o uso consciente da linguagem corporal. Professores que mantêm uma postura aberta, caminham pela sala e fazem contato visual com os alunos transmitem receptividade e segurança. Essas atitudes simples podem tornar a aula mais dinâmica e fazer com que os estudantes se sintam respeitados e acolhidos.
“Mesmo os alunos que não falam muito podem estar dizendo muito com seus corpos. Saber ouvir esses sinais faz toda a diferença”, afirma Letícia Dorighello. A escuta ativa, nesse caso, não passa apenas pelos ouvidos, mas também pelos olhos e pela empatia.
Interpretar a linguagem corporal é, portanto, uma competência que precisa ser desenvolvida por todos que convivem com crianças e adolescentes. Além de prevenir problemas, ela abre espaço para o diálogo, reforça os vínculos e contribui para um convívio mais respeitoso e harmonioso.
Para saber mais sobre linguagem corporal, visite https://www.sabra.org.br/site/criancas-expressao-corporal/ e https://ibrale.com.br/a-importancia-linguagem-corporal-educacao/