A culpa que muitas mães sentem ao tentar equilibrar trabalho, filhos e vida pessoal não é apenas um sentimento passageiro — é uma dor emocional que pode se prolongar por anos. A dificuldade em atender às expectativas impostas pela sociedade, somada às próprias inseguranças, gera sobrecarga e sensação de insuficiência. Essa angústia, silenciosa e constante, interfere diretamente na relação com os filhos e na autoestima materna.
Outras dores se somam, como o medo de falhar, de não conseguir proteger os filhos, de errar ao impor limites ou de não conseguir sustentar a casa. Essas preocupações, muitas vezes invisíveis aos olhos de quem está de fora, geram tensão constante, afetando decisões do dia a dia e provocando um estado de vigilância exaustiva. É preciso reconhecer que o medo materno se torna um obstáculo quando impede que a mulher confie em si mesma ou busque ajuda.
A solidão materna é outro aspecto sensível. Mesmo cercadas de pessoas, muitas mães relatam sentir-se isoladas, sem espaço para expressar suas fragilidades ou dividir responsabilidades. A ausência de redes de apoio e a escassez de tempo para o autocuidado tornam essa solidão ainda mais intensa, especialmente nos primeiros meses após o parto. Quando não acolhida, essa sensação pode evoluir para quadros de ansiedade ou depressão.
“É fundamental que a escola enxergue a mãe como parte viva da comunidade educativa, e não apenas como responsável por uma criança. O acolhimento emocional começa pelo reconhecimento das dificuldades que ela enfrenta”, destaca Letícia Dorighello, diretora pedagógica do Colégio Prígule, de São Paulo.
O estresse materno também merece atenção. Conhecido como mommy burnout, ele é caracterizado por exaustão física e emocional, perda de prazer nas atividades diárias e afastamento afetivo. Ele afeta não só a saúde da mãe, mas também o desenvolvimento emocional dos filhos. O esgotamento não surge apenas da rotina intensa, mas da falta de apoio concreto — e é nesse ponto que a escola pode agir.
A escola, ao manter uma escuta ativa, ao respeitar particularidades das famílias e ao abrir espaços para conversas francas, se transforma em uma extensão da rede de apoio. Atitudes simples, como adaptar comunicados, flexibilizar demandas ou acolher com empatia, fazem grande diferença no cotidiano das mães.
O desafio está em romper com o mito da maternidade idealizada. Validar as dores e os limites das mães é um ato de respeito e cuidado. Quando a escola participa desse processo de acolhimento, ela não está apenas fortalecendo o vínculo com a família — está ajudando a construir uma infância mais segura e saudável para os alunos.
Para saber mais sobre dores que as mães sentem, visite https://leiturinha.com.br/blog/mommy-burnout-o-esgotamento-de-maes-sobrecarregadas/ e https://drauziovarella.uol.com.br/mulher/os-cuidados-com-a-saude-mental-das-maes-precisam-acontecer-desde-a-gestacao/